Smoke Bubbles

por **A-Cacau** Seg Jun 16, 2008 10:41 pm

A minha nova fic. Espero que gostem. ^^
O enredo é sério, ao contrário da última. Boa leitura =)

por **A-Cacau** Seg Jun 16, 2008 10:47 pm

Smoke Bubbles

Vou falar-vos de casos possíveis na sociedade actual. Casos que ficam na sombra. Fala-se com desdém ou de um modo severo mas, de facto, nunca se faz nada em relação a muitos dos casos. Pelo menos, nada que possa ajudar realmente, permanentemente.
As pessoas repugnam, escondem, afastam-se... Mas no entanto... Não se lembram que o sucedido podia ter acontecido, noutro momento, com pessoas próximas ou consigo mesmas.

Capítulo 1

Esperança da Gama é uma jovem adolescente. Tem 15 anos.
É uma rapariga normal, até à data, tal como as outras, pelo menos em maioria. Será mesmo?
Tem uma mãe e um irmão-gémeo. O paradeiro do pai é desconhecido desde que soube que a mão estava grávida de gémeos, aos 16 anos. Isso mesmo, a mãe dela foi mãe muito cedo, demasiado até! Quando os pais da mãe souberam da gravidez, por vergonha da sua filhinha chique da alta sociedade estar metida com um rapaz de classe média baixa e grávida, puseram-na na rua e ela teve que tratar da sua gravidez sozinha.
Tudo se deve graças a essas pessoas chiques terem liberdade a mais e os pais pagarem aos filhos com dinheiro e não com carinho. A mãe de Esperança, Suzette, saía de casa quando lhe apetecia sem ter hora de chegada. Bebia e ficava pelos cantos, às vezes até, assediada por homens, muitas vezes imundos, que pelas ruas andavam.
Começou a namorar com José, o pai de Esperança, quando ele lhe deu uns copos a mais de graça sendo barman e ela acabou por acordar na cama dele, ao lado dele. Pensou que tinha tido uma noite de amor com o mesmo e este prometeu-lhe amor eterno. Dizia que a amava.
Suzette teria na altura os seus 15 anos, não muito longe de fazer os 16, e José já teria os seus 21 feitos, não há muito tempo. Mesmo assim, era velho para ela.
Acabaram por se envolver... Suzette também andava metida nas drogas, estava perto de estar perdida. Acabou por fazer uma grande asneira ao engravidar. Tiveram uma relação insegura, enquanto esta se encontrava sobre o efeito das drogas.
Como é que isto vai afectar a vida de Esperança?
Simples... Suzette ficou no olho da rua, literalmente, quando os progenitores souberam que ela estava grávida de 5 meses. Já não dava mesmo para esconder a barriga.
Para se sustentar a si e aos seus rebentos enquanto carregava a enorme barriga de gémeos, os pais deram-lhe uma casa. Nada mais.
Apesar de Suzette ter muitos conhecimentos, eram apenas pelo dinheiro dos pais. Sim... Suzette não tinha amigos verdadeiros. Aquelas da escola que se diziam suas melhores amigas foram as primeiras a deixarem de lhe falar. Envergonhada e escomungada pela sociedade, Suzette decidiu abandonar a escola. Nem sequer fazia parte do ensino obrigatório.
Depois de dar à luz e estar em pleno estado de saúde, Suzette optou por algo para o sustento daquela familiazinha de três... Prostituir-se!
É isso mesmo.
Esperança, filha duma mãe prostituta e perdida na droga, não sabe o que é o carinho.
Há dias em que fica só em casa com o irmão, Maurício. Sabe que a mãe não vai voltar nem tão cedo, pois está com um cliente qualquer, mas reza para que nada de mal lhe aconteça.
Outros dias vê a mãe a vomitar, porque para além de drogada, está muitas vezes sobre efeito do álcool. Também já viu a mãe a injectar-se. Desde criança que tem trauma com seringas. No entanto, só começou a ver a mãe a injectar-se mais ou menos a partir dos 12 anos. Deve ser genético. Talvez pelos traumas da mãe, de juventude. As primeiras picadelas da seringa doíam-lhe muito. Chorava, no entanto, deixava entrar aquelas várias substâncias nocivas e temidas pela sociedade no seu corpo. Sentia as substâncias a entrarem, frias, pelas suas veias, directamente para a sua corrente sanguínea.
Esperança um dia decidiu seguir a mãe. Esta estava a falar com um candidato a cliente, pelo aspecto da conversa. O homem era asqueroso, tinha ar de não se lavar. O seu cabelo quase pingava de óleoso, tinha a pele manchada, estava com a roupa meia rota e muito suja, tinha marcas de suor na roupa e a cara estava completamente suja. Era muito feio e tinha aspecto de cheirar bastante mal.
Esperança aproximou-se e escondeu-se atrás duma cabine telefónica para tentar ouvir a conversa.
Suzette: Hum... Hoje eu já tenho um cliente marcado. Ele vai pagar bem. É novo, nunca o vi. Acho que se chama Norberto Real, um nome de bem.
Homem: Se é pelo nome, chamo-me Timótio Sacramento. Como vê, o nome não quer dizer nada. Acha que tenho cara de Timótio?
Suzette: Acha que eu estou com ar de quem quer ver caras? Eu só quero é prestar serviço e ser paga... Ainda por cima consegui desconto em drogas pesadas por trabalhar horas extra com vendedores das mesmas sem cobrar.
Aquele asqueroso homem percebe que Suzette é fraca e que está perdida na droga. Decide mudar o esquema.
Timótio: Como se chama mesmo?
Suzette: O meu nome profissional é assim mais uma abreviatura do meu. Sou a Susy. Gosto que os clientes me tratem assim.
Timótio: Eu consigo 2 Kgs de coca por um preço muito muito especial.
Suzette: Ai sim? Não me consegue fazer melhor que os meus clientes habituais ali do beco.
Timótio: 50%. 2 Kgs pelo preço de 1!
Suzette: METADE? Opaah... Temos negociador! Cagas coca ou quê?
Timótio: É pegar ou largar.
Suzette começa a ter espasmos musculares. Já não consumia droga há umas horas. Mesmo à frente do homem, ali naquela esquina, tira um montinho de um pó, provávelmente heroína, e snifa aquilo em três tempos.
Suzette (num tom como de aliviada): Ahh... Muito melhor... *começa a ficar com uma pedra*
Timótio (maliciosamente sorrindo): Susy, vamos negociar aquilo da coca? Vais ali comigo para minha casa e fazemos o negócio.
Timótio leva Suzette para um lugar horrível. Uma casa muito suja, sem portas por dentro, cheia de pó e com um cheiro azedo horrível. Esta era a sua casa. Arrasta Suzette para um quarto. Provavelmente o seu, dado que a casa se encontrava vazia.
Esperança encontrava-se na janela, a tentar ver o que se passava.
Timótio: Agora vais ser minha!
Suzette: A Susy leva pagamento adiantado! Paga a primeira hora! Quero 45€ em mão, meu querido!
Timótio: Cala-te, puta! *esbofeteia-a* Estás aí nas ruas a vender o corpo porque queres!
Suzette: Larga-me!!!
Timótio: Despe-te! *aponta-lhe uma faca ao pescoço*
Suzette começa a chorar mas cede ao que Timótio lhe vai pedindo...
Timótio: Vais ver como vais gostar... *começa a tocar no corpo de Suzette, que como é nova, ainda se encontra escultural, com as suas mãos imundas* Anda... Chega-te para mim! *começa a passar a sua língua nojenta pela cara de Suzette, descendo para o pescoço, os seios... Todo o corpo mesmo!*
Esperança está aterrorizada, do lado de fora, sem poder fazer nada. Naquele sítio onde estava, se chamasse a polícia, só a iria prejudicar a si e à mãe.
Suzette é violada por Timótio e Esperança assiste a tudo, impotente, a chorar de dor e de terror.
Depois de 3 horas daquele horror, Timótio cansa-se e acaba por adormecer. Suzette, como está sobre efeitos de droga, está demasiado fraca para se mexer.
Esperança entra naquele sítio tenebroso e leva a mãe de volta para casa. Dá-lhe um banho de água morna, faz-lhe um prato leve para jantar e dá-lhe um chá preto para tentar estimulá-la. Talvez a pedrada passe mais depressa...!
Até Maurício que estava fora, provavelmente com a namorada e com os amigos, já tinha voltado. Esperança rezava para que ele não se tivesse ganzado. Sim... Ele fumava erva de vários tipos... Está-lhe no sangue. No entanto, é bom rapaz e ajuízado. Maurício dormia que nem um anjinho.
Esperança deita a mãe na enorme cama de casal que nunca tinha sido ocupada por um pai. Nem biológico nem padrasto. Esperança já achava que o seu nome não condizia consigo. A esperança estava-se a extinguir do seu coração.
Abriu o outro lado da cama e deitou-se para fazer companhia e vigiar a mãe. Olhou para o relógio, 05h15. Apagou a luz e adormeceu.