[Capitulo I] The Many Faces Of Love

Capitulo I

Estava uma magnífica sexta-feira primaveril, o sol brilhava com todo o seu esplendor, enquanto umas pequenas nuvens pintavam de branco o céu azul. Pelo ar passava uma leve brisa que refrescava o belo jovem que se encontrava sentado na erva a ler 'O Memorial Do Convento' de José Saramago, e de vez em quando, o olhar escapava-se da leitura, para admirar uma certa pessoa que se encontrava a jogar futebol com outros rapazes.

- Leo, deixa lá esse livro e anda jogar connosco! - Grita Rui do campo, afastando o suor da testa com a parte detrás da mão direita.

- Não me apetece jogar agora. - Respondeu Leo, olhando imediatamente para o livro, as suas faces coraram sem o seu consentimento. - Fica para a próxima, sim?

- Está bem... - disse Rui, um pouco confuso com a reacção do amigo, que estava á uns dias um pouco esquisito. Encolheu os ombros e prosseguiu com o jogo em conjunto com os seus amigos.

Rui tinha apenas 17 anos, media 1,75 m e o seu cabelo era repleto de caracóis castanho-escuro, os seus olhos cor de chocolate deixavam qualquer rapariga seduzida e o seu porte atlético natural era invejável. Do ponto de vista de Leo, Rui é o 'Rapaz Perfeito'. Já Leo tinha 19 anos, com 1,82 m, cabelo castanho liso e os seus olhos que mais pareciam duas esferas de âmbar. Era o considerado ‘rapaz normal’. Atraía muita atenção feminina, e não só.
Já cansado de ler, Leo fechou o livro e ficou a observar o Rui e os seus colegas a jogar até ao toque para a entrada ressoar e Leo, com um pequeno suspiro, levantou-se colocando a mochila num ombro dirigindo-se a Rui.

– Então, já leste “O Memorial do Convento” até ao fim? – Questionou Leo tentando fazer conversa, o que nos dias que corriam começava a ser-lhe um pouco difícil e ele realmente não tinha muito a certeza do porquê, afinal de contas, Rui era um dos seus melhores amigos e ele não tinha que ficar tímido.

– Não... – Murmurou Rui com um encolher de ombros.

– Sabes que a professora Bette vai-te dar cabo da cabeça, não é? – Resmungou Leo.

– Sim, eu sei que ela vai chatear-me, mas depois vou pedir uns apontamentos a uma amiga, se é que me entendes... – proferiu Rui piscando o olho a Leo

– Sei... – Leo teve que revirar os olhos ao comentário sugestivo de Rui - Tu e as tuas amizades de sexta-feira a tarde...

– Sabes bem que comigo é assim! Olha, vou ao cacifo rápido... Vai andando para a aula e diz à professora que vou chegar um pouco atrasado... Sim? – Pediu Rui, enquanto olhava para uma rapariga à beira do seu cacifo.

- Claro... – pronunciou Leo com desagrado - Eu aviso a professora... Está descansado. – Murmurou enquanto ser dirigia para o andar superior onde ia ter a sua aula.

Enquanto subia as escadas, Leo observava Rui a fazer o seu charme das Sextas, com a tal rapariga dos apontamentos e isso estava-o a irritar profundamente, mas decidiu ignorar os seus súbitos sentimentos de irritação e continuou o seu caminho para a sala, enquanto Rui continuava com os leves toques na cara e aproximando-se da rapariga que provavelmente amanhã Rui nem se lembraria do nome. A meio da aula, Leo estava encostado a parede distraído a olhar para o exterior, quando recebe uma SMS de Rui a pedir que vá ter com ele ao cacifo. “O que será que ele quer agora? Não gosto nada de pedir aos professores para sair da sala.” Matutou Leo com descontentamento. Leo pediu à professora autorização para sair, sob o pretexto de estar com hipoglicemia, e após um longo sermão da professora, de que os alunos não deviam de estar a passar fome porque isso fazia mal a saúde, lá o deixou ir. Descendo as escadas, satisfeito por a sua pequena mentira ter passado, Leo, distraído esbarra contra a professora de Matemática, Tina.

– Hoooo... – gemeu Tina esfregando a cabeça - Cuidado rapaz, podias-te ter magoado!

– Desculpe Professora... – pedinchou Leo - para a próxima vou ter mais cuidado.

– Esperemos que não haja próxima vez! – Diz ela sorrindo.

– Também espero o mesmo Professora e desculpe mais uma vez.

– Não há problema, vai lá embora, que devias era estar dentro da sala! Se o Director te apanha no corredor podes ter problemas.

– Já estou a ir Professora! – Diz Leo começando a andar rápido.

Leo continuou o seu caminho até ao local que Rui pediu para se encontrarem.

– Do que precisas, Rui?

– Quero que venhas dar uma volta comigo. – Disse-lhe Rui metendo-lhe um braço sobre os ombros.

– Fizeste-me inventar uma desculpa, levar um sermão e esbarrar contra a professora de matemática só para nós irmos dar uma volta? – Disse Leo irritado dando um safanão ao braço de Rui que caiu dos seus ombros imediatamente. – Deves de estar a gozar comigo!

– Vá lá, aposto que não estavas a fazer nada na aula... – suspirou Rui rolando os olhos.

– Por acaso não estava, mas não vou me baldar do resto do dia! – Retorquiu o amigo cruzando os braços.

– Vá lá! Nem por mim te baldas? – Pediu Rui sorrindo-lhe como um menino safado.

Leo ao ouvir esta frase paralisou e pensou na maneira como se sentia ao estar ao lado de Rui. Sempre que estava a beira dele sentia-se extremamente feliz, que o tempo parava e só os dois existiam, era algo confuso ainda, incerto, Leo não sabia bem o que fazer dos seus sentimentos, mas ninguém manda no coração, além de que não fazia assim tão mal não ir a uma aula para estar com a pessoa que mais gostava, decidindo aceitar a proposta.

– Ok, mas depois tens de me recompensar...

– Claro que recompenso! Vamos lá? - Diz Rui enquanto mete o braço a volta de Leo novamente.

– Siga lá! – Gargalhou Leo sacudindo a cabeça.

E os dois dirigem-se para a saída da Escola, cruzando-se pelo caminho com Shane McCutcheon, a rapariga, de origem luso-americana, que à primeira vista parece ser um rapaz, de 1,73 m, olhos verde marinho, cabelos rebeldes com algumas nuances douradas e era conhecida como “Don Juan” feminino.

– Então pessoal, não deviam de estar nas aulas? – Pergunta Shane enquanto cumprimentava os amigos.

– Olha quem fala! – Diz Leo a rir-se e Shane deitou-lhe a língua de fora enquanto abria um sorriso maroto.

– Vamos dar uma volta, queres vir? – Pergunta Rui.

– Até ia, mas tenho treino de basquetebol. Amanhã tenho um jogo importante.

– Inventa, inventa! – Diz Leo com tom de gozo.

– Vais mas é ver as meninas da claque! – Diz Rui fazendo um sorriso trocista.

– Também é isso… Mas a razão principal é mesmo o treino, não as meninas. – Responde Shane, rindo-se. – Se bem que elas são um bom incentivo. – disse com um olhar sugestivo fazendo os dois amigos sorrirem conhecedoramente.

– Ya, olha logo a noite tens alguma coisa para fazer? – Inquire Rui.

– Que eu saiba não, porquê? – Respondeu Shane.

– Logo à noite, por volta das 20:00 vai lá ter a minha casa, para depois irmos sair! Arranjar umas raparigas e uma de preferência para o Leo! – Diz Rui puxando Leo para si.

– Claro conta comigo, mas não pode ser até tarde por causa do jogo de amanha, temos que ganhar ou o treinador faz-nos num oito! – Diz Shane.

– Nós amanhã vamos ver o teu jogo, vamos estar lá para te apoiar portanto não vamos ficar até muito tarde.

– E para ver aquelas miúdas da claque boazonas a mexerem-se! Saiinha curta, tops que não deixam muito para a imaginação e os pom-pons. – Diz Rui já a sonhar e Leo rolou os olhos afastando-se ligeiramente do amigo.

– Guarda a baba para amanhã que bem vais precisar! – Comenta Shane.

– Oh se vou! Tem lá cada uma!

– Então tá combinado mas agora vou ter que ir se não ainda chego tarde. Até logo pessoal! – Diz Shane acenando.

– Até logo! – Dizem Rui e Leo em uníssono.

– Siga? – Diz Rui puxando Leo para o exterior.

– É melhor, antes que alguém nos apanhe!

Para que o porteiro não os apanhe e envie novamente para a aula, o que iria resultar num enorme sermão e talvez trabalhos de casa extra, os dois desataram a correr saindo dos portões da escola.